quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lástima

Foto Henri Cartier Bresson
Quero cada instante
deste tempo inexistente
inclemente e insessante
que és distante
de meu mundo
transparente  amor.

Quero cada verbo conjugado
cada adjetivo empregado
para qualificar
este sentimento,
este torpor
exilado amor.


Quero a volta da alegria
sentir-me inteira
livrar-me desta porfiria
que faz-me anêmica
pálida mnemônica
hemorrágico amor.

Quero a inteireza da solidão
mudar o reverberante refrão
estas sílabas sibilantes
desta catilinária canção
desterrado amor.

Quero-me! Acima de tudo!
quero-me!  Em silêncio mudo
quero-me! Eu mesma.
sem pedaço
sem escasso
sem esgarço
quero este rasgo de mundo
insustentável amor.

Quero morrer em mim
para poder renascer querubim
sem gênero, sem sexo,
sem limite no lexo,
indizível amor.

Renascido,
antes mesmo de parido
natimorto por permitir-se coagido
distócico amor.

anóxico preso ao púbis
deste quarto sem dor
nascido em berço cômodo
fuzilado amor.














































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