Já não mais chego dando abraços, também não fumo mais
cigarros aos maços
nem ando pela noite aos tropeços. Com o tempo aprendi a
avaliar melhor os preços. A valorizar o companheiro, esquecer o dinheiro, e dar uma banana para quem se engana e não me ama.
Economizar a personalidade, também comecei multiplicar endereços, subtrair a cumplicidade.
Desconsidero alegoria e adereços,
foco no essencial, o objetivo, já não preciso de motivo ou desculpa, também devolvi toda a culpa, estava azeda.
foco no essencial, o objetivo, já não preciso de motivo ou desculpa, também devolvi toda a culpa, estava azeda.
Já não mais me despeço, meço com muito mais cuidado qualquer
distância, principalmente a que me afasta da infância. Se me interesso? Bem
menos. Apenas no que me diz respeito. Ainda tropeço, mas não caio, teimosa,
ainda sonho com lugares amenos sem trovão ou raio, povoados de peitos abertos e
abraços plenos.
Mas se não encontro, não me deprimo, suprimo o que não é
luminoso, detenho-me no que pode ser prazeroso, afinal esta estrada é breve. Não mais insisto com nada, porém não mais desisto, muito menos me dispo, deixando
a alma exposta para qualquer olho desconhecido. Agora que já comi mil eras
reconheço as feras nas peles de ovelhas, não atiro pedras pois também tenho
telhas, muito embora sejam de barro, não de vidro. Com tanta bagagem só carrego uma
grande certeza: Viver é esculpir a própria imagem em um bloco de beleza.