Foto: Matisse fotografado por Cartier Bresson
O que sobra depois que se vai
a força dos cinzéis?
A obra?
Ou as críticas brandas
e os elogios cruéis?
O que sobra?
Quando não mais interessam
o nome dos coronéis
quando proeminente
é a solidão da flor
o que sobra?
O amor?
A beleza?
Depois que pele dobra
e a coluna curva
e estão todas as cartas à mesa?
sobra por acaso algum ocaso
além da noite escura?
(única certeza)
sobra a embriaguez da vida por inteiro
cheiro de chuva na terra de fevereiro.
Afinal,
O que é vinho
senão o tempo
matando a uva,
esplendor de seu gosto derradeiro.
2 comentários:
Ana Laura, Gostei Demais Desse Poema! Imagine então fermentado, levemente gelado, servido em taças... Beijo! Jorge
sem dúvida, a vida deve ser assim...
Grande abraço
Postar um comentário