sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mulher comum

Foto; Henri Cartier Bresson



Trespassa-me os dias esta sensação vazia
As noites? Apenas travessias
Do aquém ao além
Na verdade não passo de um orgânico trem no trilho
Chuc, chuc, chuc, chuc, dia e noite
Monótono estribilho.
O que eu queria?
Ser uma estrela que brilha
Uma explosão viajante
Luz arremessada com força
Iluminando os céus de algum lugar distante.
Queria também ser ventania
O ar invisível correndo
Transparente e louca
De forma imprevisível
Falar mesmo sem  boca
Sussurrar  a todos os ouvidos o indizível!

Mas sou apenas uma mulher que luta
 levanta cedo, Sua, lava, labuta
 cozinha o medo, ama, cora, não pergunta
sobrevive de forma previsível
(e ao mesmo tempo é tudo em seu mundo
 invisível)

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