segunda-feira, 7 de maio de 2012

melhor mesmo é...

                                           foto Henri Cartier Bresson

Não faltam papoulas em meus olhos de noite colorindo o espaço. Este laço feito de ar que une todos os cantos do universo. Porque somos tão iguais e originais? Pequenos origamis do mesmo papel dependurados no teto do mundo para enfeitar a festa. Porque somos inflamáveis, instáveis, consumíveis e combustíveis? Não creio que tenho talento para ser fóssil, mineral, é muito ar na minha cabeça e fogo nos meus pés, não nasci para a imobilidade do metal, nasci papel. Mas insisto, nessa inefável e obrigatória igualdade que a originalidade repele e ao mesmo tempo obrigatoriamente me catapulta para além dos muros do castelo. Mas na verdade castelo não me interessa pois não tenho pressa em parar de galgar os campos, melhor é não ter muros, nem furos por onde escorram os prantos ou arestas que escondam os cantos escuros de cada peça deste quebra-cabeça sem figura ainda definida. Prefiro as pradarias e o vapor quente do forno das padarias, isso sim me alimenta enquanto o vento não me envia a outros espaços, eu, volátil Corcel sem sela ou coronel, selvagem, cavalgando esta miragem que é a praia povoada de seres e deserta. Melhor não ser nada do que previsível e certa. Melhor não ter nome, para não aumentar a fome e devorar os próprios filhos em busca de mais brilhos e paetês.
Melhor mesmo é se fazer de louca do que morrer tentando responder os porquês...