domingo, 22 de maio de 2011

Devaneio



                                               Foto: Henri Cartier Bresson
Devaneio

Purifica-me a palavra
Esta luz que clarifica
Petrifica lava
Palavra que fica
Lavra de minha veia
Que salta
Alta é a cordilheira
Por onde a alma passeia
Nos horizontes confins
Onde sou apenas um raio de luz
Com os imponderáveis seres afins.
Sou apenas claridade
Irrealidade etérea passeando com querubins.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Peito mudo

Perdi as rimas na multidão de afetos
ainda não era dia na noite eterna da alma
chamei por elas nos ecos de meus cristalinos tímpanos
anteriores sons do primordial antigo mundo
pequenos tilintares de afetos
anúncios de peitos em címbalos rimbombantes
apenas fonemas gritando amor
dentro dos megafones
em páginas na estante.

Quando bate o desespero



Quando bate o desespero
me viro do avesso
me atravesso
só vejo fim
esqueço começo
quando bate o desespero
me destempero
me enlouqueço
entristeço
me perco do essencial
quando bate o desespero
abro uma porta ao mal

Poema de amor louco

Se você nunca enlouqueceu de amor?
enlouqueça!
Perca os pedaços,
a cabeça,
não meça,
não peça
não pense
diga poemas de amor no-sense
faça de tudo
rasgue o escudo
ou qualquer promessa
lance a vida ao espaço
aperte o passo
corra
desfaça laço
nasça, morra
conte as horas,
os segundos
execute penhoras
atravesse todos mundos
tenha pressa
se desoriente
seja impaciente
roa as unhas da mão
acredite na trajetória
mesmo que giratória
entonteça
no eixo da paixão
conte ansioso todas as tábuas do chão
não saiba
se é sábado
se é pecado
ou se é do diabo
a procissão
se a roupa está do lado errado
ou se esse suave sussurro
é algum vulcão em erupção
grite, dance de contente
fale muito, mesmo silente
Não entenda
rasgue a roupa
cubra-se de renda
oblitere com a boca
cada fenda
assuma a senda
de perder a razão
Se você  nunca  enlouqueceu de amor?
não sabe do pulsar o coração!!!