terça-feira, 24 de fevereiro de 2015


Eu tenho medo...
Sobretudo medo
de mais um engano ledo,
de ser envolvida
por algum miasma
de alguma substância química e fantasma.

Eu tenho medo...

De cada porta batida
de cada fragmento de vida
que me volta a memória.

Tenho medo da História!     
                                                                             
Tenho medo deste momento
de cada movimento lento
de cada objeto

Tenho medo!

Tenho medo de cada surreal conto abjeto 
de arroubos de afeto e pesadelos.

Tenho medo, tenho medo de tê-los!

Tenho medo de cada nome
que toque o telefone 
no meio da noite, insone…

tenho medo.

Tenho medo que caia o teto
que a casa caia
tenho medo que o espectro que vaia
o nosso passado com riso debochado
me pulverize com esta ruidosa risada jocosa...

Tenho medo

Tenho medo que,
de tanto medo do espinho,
eu me furte à imortal e exótica beleza da rosa,
tenho medo que por temer o amor
mate a poesia 

para viver eternamente em linear prosa…